Havia de ser exatamente hoje, 21 de outubro de 2014, que eu deveria escrever sobre essa composição. Fim de ciclo não é somente o nome de uma das 13 canções, mas também o nome do projeto. E hoje, depois de uma espera penosa de 3 meses - que pareceram décadas -, o projeto foi contemplado pelo Financiarte e a desejosa gravação do cd pode ser anunciada.
Ao selecionar as músicas para o trabalho, minuciosa e calculadamente elaborei a ideia do que esse momento significaria na minha vida. A expressão Fim de ciclo sempre me soou carregada de pelo menos dois sentimentos opostos: tristeza e felicidade. Talvez melancolia de um lado e expectativa de outro, pois se um ciclo se encerra é porque outro está pra começar.
Nesse sentido, o "meu" Fim de ciclo não é diferente. Exceto que há somente consciência, de um lado, da necessidade de mudança e muita expectativa da nova vida que deverá emergir dessa mudança. Em outras palavras, não se trata aqui de sentimentos opostos, mas de únicos. Um como consequência do outro, e ambos bons.
Toda criatura, em alguma ocasião, se depara com os fantasmas que vêm criando ao longo da vida. E então dispõe-se ao processo de exorcizá-los. Este é, em resumo e com alguma confissão de minha parte, um Fim de ciclo.
Estaria me apequenando em detalhes desimportantes para o leitor me aprofundando em exemplos para ilustrar essas mudanças. Além do que, compreendo que minhas assustadoras assombrações devem ser fantasminhas camaradas na visão de outros. Por isso não me revelarei mais.
A letra da canção Fim de ciclo se insere no estilo tradicional dos compositores que choram as dores da perda, Com um detalhe: se um perde numa separação, os dois perdem; os ciclos se encerram e os dois passam a viver de ilusões...
Fim de ciclo
Música e Letra: Guto Agostini
Fica sempre a ferida e
a mágoa reculuta
Da verdade que reluta
em esconder-se da vida.
Ficam ecos de memória
nos esteios do passado;
Mais um ciclo
encerrado, mais um ponto pra história.
A sala grande da alma é
feita um quarto escuro,
Onde ronda o mau agouro
e não se encontra viv’alma.
E nas certezas do agora
não cabem questionamentos
Nem os puros
sentimentos que os levavam outrora.
Ah,
mas quem sabe da verdade? – Eu não sei...
Ah,
ninguém sabe a verdade... e eu não sei.
Descaminhos se
alinhavam, fim de ciclo se apresenta.
Quem fica em casa
lamenta, e os olhos de quem vai choram.
Ninguém sustenta na
cara nenhum arrependimento,
Antes viver no tormento
do que viver malacara.
E assim os dois se
afastam em ritos de Deus e Diabo,
Rompendo de vez o
cadeado dos elos que os uniam,
Nem mesmo tchau eles dizem, apenas seguem seus
rumos,
E pros seus próprios
consumos, de ilusões eles vivem.
Ah, mas quem sabe da verdade? – Eu não sei...
Ah, ninguém sabe a verdade... e eu não sei.
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