segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Querência...

A querência é o lugar onde sabem teu nome...

Houve épocas em que uma cidade era uma querência. Aquelas cidades pequenas ou que conservam ares de pequenez, em que todos sabem quem são, mesmo que não mantenham laços estreitos de conhecimento.

Parece-me que a querência cada vez passa a ser mais a própria casa da gente, pois até vizinhos fazem questão de não saberem-se um do outro. Não é com uma certa mágoa que isso me vem à mente.

Contudo, também não sei se isso é uma crítica à vida das cidades, pois só conheço a do interior pelas falas. E sabe-se lá até que ponto os discursos não são idealizadores.

Os caras do Terço compuseram e tocaram, lá nos idos dos anos 70, uma música que dizia assim: "Gosto de gente do interior, Do jeito que essa gente diz que sente amor, É amor pra sempre e pra nunca mais, Pois não se esquece o que não se desfaz"... Mas será mesmo assim?

Bem, fato é que, ao retratar minha própria visão, não deu pra sacar de jeito muito diferente, não. Leia, por favor...

QUERÊNCIA 
Guto Agostini

Badulaques e os poucos pertences na mala,
Mochila nas costas que o mundo é pequeno.
Se manda à la cria, pro frio leva um pala
E um sorriso que filtra do mundo o veneno.
Na soga do tempo desbrava horizontes,
Avança até onde o andar permitir,
Lugares e gentes, nações, continentes, desertos e rios, nascentes, poentes, paragens... pra frente seguir.

No passado ficou o lugar da história,
A mãe, o pai, o irmão e os amigos,
E na relação da minha alma a memória
De uma prenda de olhar fugitivo.
Ela não disse nada no dia em que eu fui,
Fez que fez e ao fazer despediu-se de mim.
Nesse dia seus olhos buscaram, miraram, pro fundo de si me tragaram e eu me perdi... mas não me esqueci.



A querência é o lugar onde sabem teu nome.
A querência é o lugar onde lembram de ti.
Por mais que te vayas andando por aí,
Querência é o lugar onde um dia tu fez raiz...


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