segunda-feira, 21 de julho de 2014

Então, a Música Popular Gaúcha... (Parte 1)

Não (dizem que não se começa texto com não, mas...) dava mais pra escapar. 
E pretendo explicar isso aos poucos por aqui. É tanto elemento, que não sei exatamente por onde começar. Então, busco o óbvio, o cronológico, a mais antiga das lembranças. 
Lajeado, RS, às margens do Rio Taquari. Eu nasci perto das águas (todos nascemos, não?). Eu nasci das águas, assim como todos... 

Minha mãe, brasileira de segunda geração, descendente de alemães. Falava-se o dialeto tipico sempre na família dela, os Ruschel, e me surpreende que essa não fosse minha língua-mãe, pois era só o que se falava lá (hoje me arrependo de não ter aproveitado a chance de aprender), e eu + meu irmão estávamos muito lá, na casa dos nossos avós.
Íamos muito também à casa de nossos avós paternos, os Agostini, mas lá não se falava tanto o dialeto. Talvez pelo fato de a minha avó ser brasileira, pelo-duro (como dizem de europeus que já vivem por aqui desde antes da imigração de italianos e alemães). Mas meu avô tinha um forte sotaque típico dos moradores das encostas apinhadas de filhos de italianos produtores de vinho, salame, queijo e todo o restante da tábua de frios.
Nasci ouvindo alemão e italiano. E português, claro.
Mas havia uma língua tão estranha quanto as já citadas, que me diziam ser a minha real identidade: de brasileiro-gaúcho. Digo estranha, porque era tão difícil quanto as demais. Mais tarde vim a saber que se tratava do linguajar campeiro, falado com mais propriedade nas localidades mais ao sul do RS, nas áreas de fronteiras do Brasil com Argentina e Uruguai.
Devo ter ouvido Canto Alegretense ainda quando era bem piá e, sem esquecer que a canção tornou-se um hino riograndense, confesso que nunca soube direito o que diziam aqueles versos: "flor de tuna, camoatim de mel campeiro, pedra moura das quebradas do Inhanduí"... Sério! Para mim, era tão difícil entender esse versos como seria entender Quel mazzolin di fiori (che vien dalla montagna) ou Die Marie und die Greet. Eu era brasileiro, gaúcho por nascimento, recebia um bombardeio de cultura alemã e italiana nos lares que frequentava, ouvia - direto - essa linguagem dita original dos gaúchos, basicamente nas músicas de rádio, via pessoas de descendência do Oriente Médio  falando nas frentes das lojinhas da rua central de Lajeado... 
E, um dia desses, dia qualquer (nem foi numa festinha de garagem), lá pelos 9 ou 10 anos, ouvi Beatles... (continuará...)

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